Projeto quer contar a história por trás dos homens-placa

São Paulo não para de crescer. Os paulistanos até já se acostumaram com a paisagem repleta de prédios e torres em construção. Mas o que significa esse crescimento, que tipo de cidade está sendo ampliada, e ainda mais importante, quem são os personagens dessa história?

Se já estamos acostumados com os prédios em construção, também nos é familiar os chamados homens-placa, aqueles que seguram cartazes pelas ruas com setas apontando a direção aos novos empreendimentos imobiliários.

Não felizes com esse cenário acostumado, três amigos estão se dispondo a investigar a fundo quem são esses trabalhadores, de onde vem, quanto ganham e em quais condições. Para isso, montaram um projeto no Catarse chamado “Pessoa-coisa, cidade-torre”, para fazer uma grande reportagem sobre o tema.

“Pelo que já apuramos, os homens-placa são pessoas humildes, que trabalham muito e ganham pouco. Queremos questionar a reconstrução da cidade. Para quem ela é feita e por quem. Vamos contar mais a fundo a história dessas pessoas”, diz Paula Sacchetta, jornalista e uma das criadoras do projeto junto com Pedro Nogueira, também jornalista, e Peu Robles, documentarista.

Para melhor contar essas histórias, o plano do trio é acompanhar a rotina de alguns desses trabalhadores. Por ser um trabalho mais comum aos finais de semana, muitos abrem mão dos dias de descanso para complementar a renda. “Queremos saber o que a pessoa-coisa diz sobre a cidade-torre. Vamos partir do micro, acompanhar o deslocamento que essas pessoas tem que fazer para chegar ao ponto de trabalho”, conta Sacchetta.

Além da reportagem escrita que será publicada online e contará com galeria de fotos, retratos e infográficos, também produzirão um minidocumentário, de 10 a 15 minutos. E não para por aí. Eles também prometem fazer uma intervenção urbana, espalhando cerca de 250 cartazes com fotos, frases e dados do projeto pela cidade – colando-os principalmente em tapumes de obras.

“Todo esse processo de especulação imobiliária tem uma face humana. Fazendo essa investigação vamos mostrar isso e questionar a ideologização dos conceitos de nova cidade e novos bairros”, completa a jornalista.

O projeto fica no Catarse até o dia 21 deste mês e ainda precisa arrecadar mais da metade dos R$ 10.400 estimados para sua realização. Ele está no canal voltado para trabalhos jornalísticos do site chamado O Sujeito (já falamos dele aqui).

Por Fernanda Kalena