Lenine promove encontros para dar visibilidade a projetos sociais

Um apaixonado pelo ser humano. Se tem uma maneira de definir o cantor e compositor Lenine, é esta. Conhecido e reconhecido pelo seu engajamento em questões sociais e ambientais, o músico faz nesta terça-feira (1º de julho), no Acre, o encerramento de sua turnê mais peculiar, chamada de ‘Encontros Socioambientais com Lenine – Música e Sustentabilidade numa só nota’, que percorreu 12 projetos socioambientais escondidos em regiões remotas do Brasil.

O projeto é patrocinado pela Petrobrás e tem como objetivo estimular comunidades a participar de projetos da estatal já existentes ou construir outros novos com potencial de promover transformações sociais e ambientais. “Muitas das iniciativas que visitamos não conheciam nem o seu parceiro mais próximo”, disse o músico ao Quem Inova antes de embarcar para Rio Branco, no Acre, onde faz sua última parada para conhecer iniciativas da APAE e o projeto Gestão Indígena, na Aldeia Poyanawa.

“Foi fundamental termos escolhido projetos que não tinham muita evidência. Por isso, um dos nossos grandes acertos foi estimular essa conexão e ter a oportunidade de fazer uma ponte entre os universos ilhados desses projetos que têm como fim a melhoria do ser humano”, conta o músico.

A turnê começou em março na Praia do Forte, na Bahia, visitando o projeto de recuperação da Mata Atlântica que visa criar um corredor entre os fragmentos florestais de Sapiranga e Camurujipe e desde então o pé de Lenine não saiu da estrada. Intercalando sua agenda de shows –que incluiu uma apresentação no Rock in Rio Lisboa no fim de maio– o cantor passou por Contagem (MG), Rio Grande (RS), Santos (SP), Parintins (AM), Cáceres (MT), Jericoacoara (CE), São Mateus (ES), São Gonçalo (RJ), São Luis (MA) e Goianésia (GO).

“A maioria dos projetos que visitei, por terem sua área de atuação muito distante dos grandes centros, sofrem da invisibilidade. Esses encontros surgiram para juntar informações e experiências de projetos ambientais e de inclusão social, para tentar de alguma maneira dar um pouco de voz e de luz ao ser humano que está por trás dessas iniciativas”, diz o músico que disse ter sido difícil selecionar os projetos que seriam visitados entre as mais de 700 possibilidades.

Entre suas histórias Lenine conta que ficou mais de oito horas na estrada até chegar na comunidade de Ludovico, no município de Lago do Junco, no Maranhão, para conhecer o trabalho das quebradeiras de coco babaçu para a produção de sabonetes e entender como elas se organizaram para regularizar seu trabalho e melhorar sua qualidade de vida ao fundarem a Associação das Mulheres Trabalhadoras Rurais (AMTR). “Eu ouvi as coisas mais belas do mundo! A conquista dessas mulheres, que apesar da invisibilidade se organizaram e subiram o padrão de qualidade de suas vidas. Isso é um exemplo maravilhoso para qualquer um, em qualquer parte do Brasil”.

Em cada destino, Lenine permaneceu dois dias. O primeiro visitando projetos e conhecendo as pessoas envolvidas e o segundo interagindo com a comunidade local, seus parceiros e representantes. Ao final de cada encontro, o cantor fez um show para a comunidade, gratuito e intimista, voz e violão. “Entendo que minha música não é só entretenimento, que vai além. Que ela pode ser uma ferramenta a serviço da melhoria das pessoas, do aprofundamento de ideias, de transformação”, reflete.

Através desse programa, a Petrobrás vai investir R$ 1,5 bilhão, até 2018, em iniciativas socioambientais em diversas áreas como: produção inclusiva e sustentável, biodiversidade e sociodiversidade, direitos da criança e do adolescente, floresta e clima, educação, água e esporte.

O projeto todo culmina na edição de um livro que vai contar todo o trajeto percorrido pelo compositor e os programas visitados no percurso. “Quero constatar o valor do ser humano que mesmo sem formação, com a cultura do convívio com a natureza e com a relação com o meio ambiente têm o domínio de informações muito poderosas. São essas pessoas que aprendem fazendo, que têm um tipo de cultura e informação que não está nos livros. E esse é o mais importante”.