Garotas da periferia trocam cartas com madrinhas

Cartas. Quem manda cartas hoje em dia? Pois uma rede de mulheres faz isso com um objetivo muito prático: ajudar garotas da periferia a aumentarem sua confiança, acreditarem em sua capacidade e no poder de transformar sua própria realidade.

Talita Ribeiro, com sua afilhada, durante o lançamento do Projeto Cartas para o Futuro, no Centro Ruth Cardoso

Segundo a jornalista Talita Ribeiro, criadora do projeto Cartas para o Futuro, essa rede apoia as meninas por meio de cartas “direcionadas a cada uma, compartilhando histórias, conselhos e carinho”.

Em princípio, cerca de 180 garotas participam do projeto e 40 foram autorizadas pelos responsáveis a receber as cartas. São todas estudantes da nona série do ensino fundamental e do primeiro ano do ensino médio de uma escola pública de Poá, na Grande São Paulo. Do outro lado, 400 mulheres se inscreveram para se corresponder com as meninas e participar do grupo.

“O projeto, sem fins lucrativos, também prevê a realização de eventos focados na formação dessas garotas, com palestras sobre sexualidade, carreira, feminismo, autoestima e outros temas, oferecendo também serviços básicos, como cabeleireiro, dentista, manicure-pedicure, doação de livros, bazar de roupas e o que mais conseguirmos agregar”, explica Talita.

Os encontros acontecem no Centro Ruth Cardoso, parceiro do projeto. Antes de começar o diálogo com as estudantes, o Instituto de Pesquisas Data Popular ajudou na elaboração de questionários, o que tornou possível traçar o perfil de cada garota e fazer um cruzamento de informações sobre as mulheres da rede. (Clique aqui se você quiser participar do projeto.)

Sobre os encontros, Talita diz que são sempre emocionantes. “No último encontro com as mulheres da rede, eu saí muito emocionada, por perceber que o projeto, além de inspirar as meninas, está mudando também a vida das mulheres que participam. Ao refletir sobre a nossa própria história, nós redescobrimos coisas importantes sobre os nossos sonhos, talentos e, principalmente, que tudo isso sempre nos une a outras mulheres.”

“Foi pensando na menina que eu fui um dia, na Brasilândia, que decidi criar o Cartas para o Futuro”, diz Talita, no blog que divulga as ações do projeto. “A ideia não é concentrar o projeto no grupo que estamos formando em São Paulo, mas replicá-lo por todo o país. Desenhamos as pesquisas de tal forma que possam ser utilizadas em outras tantas escolas cheias de garotas brilhantes e inseguras.”

Por QSocial