Fotógrafo mostra cotidiano de quem vive em lixão na Bahia

Em janeiro deste ano, o fotógrafo mineiro Luiz Evangelista, ao lado do cinegrafista Silvio Marchetto, em viagem ao litoral sul da Bahia, conheceu a Península de Maraú, um santuário ecológico com uma variedade de ecossistemas costeiros, fluviomarinhos e terrestres, um paraíso para conhecer e descansar porém, não foi a bela paisagem o que cativou o viajante.

Por intermédio da amiga Manuelita Stucchi, Evangelista foi apresentado a Péricles, que há 14 anos trabalha no lixão de Maraú, localizado numa região costeira, permeado por manguezais.

Péricles, genuinamente um ativista ambiental, mudou-se para a península, com a família, e, na intenção de proteger o mangue, plantou uma barragem de árvores para que o lixo não se expandisse. Um dia, as árvores de Péricles foram arrastadas pelo trator. O lixo precisava de espaço. Seus gritos de protesto foram em vão, as árvores foram derrubadas, e hoje lixo e mangue se confundem no mesmo espaço.

Além do local inadequado, a comunidade não descarta os resíduos adequadamente. Tudo é misturado na coleta: orgânicos, recicláveis e rejeitos. Péricles, um guardião que continua lutando para não deixar o lixão adentrar o mangue, atualmente também coordena a separação e reciclagem do lixo, tudo sem ajuda governamental. No local, vivem onze pessoas, entre elas três crianças, sem água, sem luz, suscetíveis a doenças e acidentes.

Sensibilizado e envolvido com a situação desta família, Luiz Evangelista e Silvio Marchetto têm planos de implantar no local ações que desenvolvam a consciência ambiental dos moradores de Maraú. A ideia é propor nas escolas, e demais espaços públicos, palestras, oficinas e mutirões para a separação correta dos resíduos, bem como a criação de composteiras domésticas e comunitárias, onde o composto produzido será utilizado em hortas e plantações. Assim, o que antes gerava doença poderá servir para manutenção da vida, o que era “lixo” se transformará em matéria-prima.

Para conhecer o viajante ativista: