Jovem perde dedo, cria forma de tocar e é aprovado em Londres

Um jovem negro do interior de São Paulo criou sua própria forma de tocar viola de arco e, atualmente, teve seu talento reconhecido e valorizado. Ele precisou se adaptar após perder um dedo. Depois do acidente, ele foi selecionado para estudar em uma das escolas de música mais respeitadas do mundo.

Christian Gabriel dos Santos, que tem 19 anos, recebeu a notícia sobre a aprovação na Royal Academy of Music, em Londres, em dezembro do ano passado. Christian ingressou também em 2017 na Emesp (Escola de Música do Estado de São Paulo) e é bolsista na Orquestra Jovem do Estado.

Antes da capital paulista, ele vivia em Duartina, cidade paulista com 13 mil habitantes, de acordo com informações da agência Alma Preta. Ali, Santos nasceu, cresceu e teve seu primeiro contato com a música.

O rapaz perdeu o dedo em uma das estruturas metálicas erguidas pela prefeitura da cidade para sustento de decorações natalinas. O fato aconteceu anos antes de seu pai –trabalhador rural e principal responsável pela criação do menino e de seu irmão mais velho– concordar em matriculá-lo em um projeto social.

Jovem do interior de SP perde o dedo, cria forma de tocar e é chamado para estudar em Londres

Ele empunhou o instrumento pela primeira vez em 2010, como integrante do projeto social Musicrescer. “Era onde eu poderia ter um instrumento gratuito para estudar, sem que precisasse comprar, já que isso não era possível”, conta. “Tinha que fazer alguma coisa, porque eu era hiperativo.”

Santos passou a se dividir entre as aulas no ensino regular, pela manhã, e o estudo de música, à noite. Ainda treinava em casa “mais umas duas horinhas, estudando baixinho”.

Jovem do interior de SP perde o dedo, cria forma de tocar e é chamado para estudar em Londres

Como o dedo mindinho esquerdo era essencial para as notas da viola, ele desenvolveu uma técnica própria para tocar o instrumento e a registrou. Agora, o método pode servir de apoio para outros músicos com o mesmo problema.

Viagem

Atualmente, seis brasileiros estudam na Royal Academy of Music. Nas audições das quais o rapaz participou, também estavam mais 837 músicos –apenas três do Brasil.

Santos foi aprovado, mas deparou-se com um empecilho: a falta de dinheiro para a viagem. Para conseguir frequentar a instituição inglesa, ele precisou fazer uma “vaquinha on-line”.

Além disso, o paulista espera ganhar patrocinadores para ajudá-lo a financiar os estudos.

As aulas começam em setembro. No momento, ele dedica-se ao aperfeiçoamento do inglês estudando por conta própria. “Você imagina? Um dia, a gente tocando pra rainha, ela vai olhar aquela gente toda e pensar: quem é aquele pretinho sem um dedo ali? Sou eu!”, sonha o rapaz, sorrindo.

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