Aparelho detecta lesões na retina de crianças com microcefalia

Um aparelho de tomografia de coerência óptica tem auxiliado pesquisadores a diagnosticar, com alta precisão, lesões nas retinas de crianças com microcefalia, cujas mães foram infectadas pelo vírus zika durante a gravidez.

Diversos estudos já demonstraram a relação entre a infecção pelo vírus Zika e distúrbios graves nos olhos do bebê, que podem ser observados com um exame de fundo de olho, por exemplo. A diferença agora, com o uso desse equipamento, é que ele ajuda o oftalmologista a detectar, com maior precisão, qual o tipo de reabilitação mais adequada para essa criança que tem distúrbios na retina.

Bebê com microcefalia

O exame de imagem não é invasivo e costuma ser rápido. A dificuldade, no entanto, é posicionar os bebês de forma que eles não se mexam muito, explicou o oftalmologista Maurício Maia, professor do Departamento de Oftalmologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). Segundo ele, é preciso fazer o laser chegar até a retina e o movimento da cabeça do recém-nascido dificulta o exame.

A técnica especial, explicou o médico, consiste em envolver as crianças em lençóis. A solução simples e barata, consiste em envolver as crianças em roupas, em um lençol mais apertado, sem precisar fazer qualquer sedação. A braçadeira do equipamento também faz com que as crianças fiquem em uma posição específica, quieta, em que o laser é capaz de entrar no olho e dar essa imagem para a gente.

Esta é, de acordo com o oftalmologista Maurício Maia, a primeira vez que o equipamento é utilizado para esse tipo de pesquisa.

O estudo foi publicado recentemente na revista “Jama Ophthalmology” e demonstrou que tanto as camadas externas quanto as internas da retina são as primeiras a serem afetadas pelo vírus, trazendo prejuízos para a visão central dos bebês.

O trabalho avaliou oito crianças com idades entre três e cinco meses. Sete delas foram submetidas a uma análise para o vírus zika e apresentaram resultados positivos para os anticorpos IgM, que são produzidos na fase aguda da infecção pelo vírus. Dos 16 olhos analisados, 11 (ou 69% do total) apresentaram alteração da retina.

Com informações da EBC