Jornal ‘New York Times’ inova com comercial-editorial

O texto editorial muitas vezes é o mais “duro” e “seco” presente em um jornal –em alguns casos é considerado o mais chato de ser lido por estudantes ou até mesmo jornalistas. Reservado às primeiras páginas, é o espaço onde o veículo de comunicação se posiciona oficialmente e diretamente frente a uma situação política, social, econômica ou cultural. Em outras palavras, é o jornal apresentando sua opinião.

O “New York Times” tem inovação no DNA de sua abordagem jornalística e não se mantém parado em tempos de comunicação “transmídia” e complexidade política global. Sem restringir  o espaço físico para a opinião (a informação hoje navega por toda parte), mas, também, sem fugir à complexa missão de perseguir a “verdade” –que muitas vezes é vista como um mito–, o  jornal procurou posicionar-se sobre elas em todas as mídias e locais.

Seja na televisão, internet ou mesmo no jornal impresso, o manifesto “The Truth” (“A Verdade”, em português),  funciona como uma propaganda do NYT, mas sobretudo como um editorial onipresente que busca responder o que é a verdade em tempos confusos que os EUA e o mundo vivem.

Declarações como  “A verdade não é vermelha ou azul” , “A verdade é difícil”. “A verdade está sob ataque” e “A verdade não é muito óbvia” fazem parte do manifesto.

Para apimentar mais a discussão, no último  dia 12 de junho, o “New York Times” espalhou o editorial em locais estratégicos do jornal, como na página de editoriais e na cobertura de política, próximo às notícias acerca do presidente Donald Trump –que já foi chamado pelo mesmo NYT de “arqui-inimigo da verdade”.

O papel social importante do NYT –exercido de maneira contemporânea– tem sido mostrar que, embora relativa do ponto de vista filosófico, a verdade deve ser sempre perseguida de forma a balizar os interesses da sociedade americana, como forma de construir pilares éticos e morais de conduta.

* Alexandre Le Voci Sayad é jornalista, educador e escritor