Aposentado cria jogo para ensinar tabuada a crianças

Volta e meia, Hermenegildo Garcia Filho, 87 anos, tem uma ideia. “Estou sempre mexendo com alguma novidade”, diz ele. Mas, há dois anos, teve uma que não saiu da cabeça e das conversas com o filho Fábio Garcia: um jogo para que crianças aprendessem tabuada.

Fábio conta que não deu muita importância, mas Hermenegildo foi atrás. O marceneiro aposentado criou um protótipo e fez testes para medir a aceitação das crianças.

O projeto era tão importante para o pai, que o filho, designer gráfico, fez uma surpresa. No Natal do ano passado, criou logotipo e ilustrações para o jogo e presenteou Hermenegildo.

Estava lançado “O X da Questão”, um jogo de tabuleiro que estimula crianças a resolverem uma das quatro operações da matemática. “Gostaria de conseguir fazer com que elas saibam quanto é 7 x 8”, explica Hermenegildo, que fez o ensino fundamental e trabalhou como gerente de supermercado, vendedor ambulante e comerciante. “Hoje elas usam muita calculadora.”

No jogo, a criança seleciona uma carta e a abre. Lá, está uma multiplicação que deve ser resolvida. No verso, está a resposta, para que o parceiro de jogo confirme o resultado.

A criação fez sucesso com a garotada. Como nem todas podiam comprá-lo, Hermenegildo e Fábio decidiram que a cada jogo vendido, um iria para uma instituição de ajuda a crianças carentes. Pela internet, o jogo custa R$ 40, mais frete. Nas lojas, sai por R$ 60.

Agora, pai e filho trabalham juntos _e Hermenegildo não parou de ter ideias para aprimorar o jogo e para criar outros.

O próprio “O X da Questão” vai ganhar uma versão em realidade aumentada por meio de um smartphone. Cada resposta certa vai ajudar a transformar um cachorro fofinho em um dragão. “São as crianças contra o mascote, e todas querem ver o bichinho virar um monstro”, brinca Fábio.

Hermenegildo também está desenvolvendo outro jogo para estimular a alfabetização. A criança tem de ir atrás das letras de uma determinada palavra e, depois, escrever sobre elas. Se conseguir fazer tudo certo, a palavra ganha forma e animação.

“Para esse, estamos atrás de recursos”, sinaliza Fábio.

No que depender de Hermenegildo, o filho terá muito trabalho pela frente. “Esse conceito pode ser ampliado para o ensino de ciências”, diz o aposentado.

“Parar, nem pensar. Quero ter sempre uma mente ativa”, finaliza Hermenegildo.

Por QSocial

*Este texto faz parte do projeto Geração Experiência, que tem como objetivo mostrar histórias de pessoas com mais de 60 anos que são inspiração para outras de qualquer idade