Pesquisadores usam laser contra câncer de cabeça e pescoço

Com o objetivo de oferecer um tratamento menos agressivo a pacientes com câncer avançado, pesquisadores da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo ) aplicam de forma experimental em um ambulatório da instituição uma técnica inovadora que utiliza luz infravermelha para remover tumores sólidos em cabeça e pescoço.

A técnica consiste na termoablação do tumor –a evaporação da água no compartimento celular de lesões sólidas e consequente eliminação do tecido tumoral– aplicada em paralelo a injeções intratumorais do medicamento quimioterápico cisplatina.

Técnica experimental combina quimioterapia localizada e aplicações de laser para tornar tratamento menos invasivo e remover o tumor completamente

O novo tratamento surgiu após 20 anos de pesquisa na UCLA (Universidade da Califórnia em Los Angeles), onde mais de 500 pacientes já foram submetidos ao procedimento com sucesso.

Conhecida como laser-indução de terapia térmica (LITT), a técnica é utilizada para termoablação de tumores de cérebro, mama, pulmão e próstata.

Com o apoio da Fapesp, o tratamento foi aprimorado por meio da aplicação de injeções locais de quimioterapia, utilizando-se o quimioterápico cisplatina em combinação com a LITT, uma inovação em comparação ao tratamento administrado nos pacientes nos Estados Unidos, feito apenas com o laser.

Ao contrário da radioterapia, cuja radiação possui energia suficiente para ionizar átomos e moléculas, danificando as células saudáveis e afetando o material genético, o procedimento adotado no ambulatório da Unifesp pode ser repetido após um intervalo de três semanas, garantindo melhores resultados e até a remoção completa do tumor.

De acordo com o pesquisador, Marcos Bandiera Paiva, que trouxe a técnica para o Brasil, o “tratamento traz alguma esperança aos pacientes para que a técnica, localizada, possa ser associada a tratamentos sistêmicos inovadores em cabeça e pescoço, como a administração de Cetuximab”.

Aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em 2010, o Cetuximab é um anticorpo monoclonal, que age de forma mais direcionada –no caso, tendo como alvo o receptor do fator de crescimento epidérmico, inibindo sua ativação e a consequente transmissão de sinal, o que resulta na redução da invasão dos tecidos normais pelas células malignas e da disseminação de tumores em novas áreas. O medicamento também inibe a capacidade de células malignas repararem o dano causado por quimioterapia ou radioterapia.

Com informações da Agência Fapesp