Depois de perder filho em acidente aéreo, piloto cria associação

O dia 4 de janeiro de 2015 ficará marcado para sempre na vida do médico e aviador Augusto Fonseca da Costa. Foi nesse dia que seu filho Vitor Augusto Gunha da Costa, de 19 anos, morreu em um acidente aéreo na cidade de Toledo, no Paraná.

A investigação apontou que Vitor foi vítima de um erro de ordem mecânica causado pela negligência do fabricante da aeronave e da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), órgão federal que não fiscaliza a aviação experimental.

Augusto fundou então a Abravagex (Associação Brasileira das Vítimas de Aviação Geral e Experimental) e começou sua luta para tornar mais rígidas as normas de segurança aérea no Brasil.

Vitor voava em um anfíbio Super Petrel LS, que sofreu uma pane e caiu em parafuso no Paraná

No começo do mês, Augusto apresentou proposta no Senado na primeira audiência pública que discute o PLS 258/2016, projeto que institui o novo Código Brasileiro de Aeronáutica.

“Sou piloto há 43 anos e não podemos permitir que as agências reguladoras se eximam de suas responsabilidades perante o consumidor apenas em prol da lucratividade da indústria da aviação experimental”, afirma Austo, que também é membro do Conselho Consultivo da Anac.

Segundo o relatório do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) que apurou o acidente que matou Vitor, a causa do problema com a aeronave modelo Super Petrel LS, fabricada pela empresa Edra/Scoda Aeronáutica, foi uma falha na mangueira que bloqueou a passagem do combustível para o motor.

A empresa havia descumprido um recall do fabricante do motor que ordenava a troca imediata da mangueira antes do próximo voo ‘sob o risco de morte’. No manual, porém, a empresa declarou que havia realizado a troca –informação que o Cenipa comprovou ser falsa.

Em março deste ano, outro acidente com avião experimental matou o ex-presidente da Vale, Roger Agnelli, e mais seis pessoas, após a queda da aeronave logo após a decolagem do Campo de Marte, em São Paulo.

Desde 2006, a frota de aviões experimentais aumentou 71%, contra 49% de aviões certificados. Das 24.582 aeronaves registradas no país, 6.244 são experimentais (cerca de 25% da frota) e há 20 empresas fabricantes.