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Pesquisador desenvolve autoexame de diabetes pelo celular

Um pesquisador da Universidade de São Paulo desenvolveu uma técnica de autoexame clínico na qual é possível, por celular, diagnosticar e monitorar o diabetes apenas coletando uma amostra de urina e colocando-a em uma folha de papel de laboratório com reagentes.

No Instituto de Química de São Carlos, Giorgio Gianini Morbioli, 26 anos, sob orientação de Emanuel Carrilho, aprimorou os estudos das funcionalidades dos chamados dispositivos microfluídicos em papel, iniciados em 2007 na Universidade Harvard.

Feitos em papel de laboratório, que difere do papel comum por ser composto apenas por celulose e sem nenhum aditivo, os dispositivos microfluídicos são construídos em três dimensões e recebem aplicações de cera para controlar a direção do fluxo dos líquidos.

Nele, também são aplicados reagentes químicos, que serão responsáveis por interagir com amostras de fluidos biológicos _ urina, lágrimas, suor e saliva _, gerando cores percebidas a olho nu. É possível então compará-las a uma escala construída previamente, prática comum nas tiras de exames comerciais de análise de urina, ou então fotografá-las para obter o resultado.

E é aí que está a segunda inovação deste autoexame: o desenvolvimento de um software para a análise das imagens digitalizadas dos dispositivos microfluídicos, criado pelo cientista da computação Thiago Zafalon Miranda, da Universidade Federal de São Carlos.

“Antes, a prática corrente era a análise manual das imagens, em um software comercial, feita por um especialista. O problema é o tempo gasto, além de ser um processo sujeito a erros. Com o software, a análise é automatizada, e os resultados, instantâneos”, diz o pesquisador.

O foco inicial do estudo foi a detecção da glicose na urina, proporcionando um exame de baixo custo para o diabetes. “Mas é possível diagnosticar outras doenças com esse método, como nefrite, periodontite e câncer de próstata, modificando os reagentes adicionados, tal como vem sendo realizado por outras pesquisas no nosso grupo [Grupo de Bioanalítica, Microfabricação e Separações], no país e no mundo.”

O químico pontua que “são provas de conceito, mostrando que é possível o desenvolvimento de soluções de baixo custo para o diagnóstico remoto de doenças”. “Em zonas rurais, países em desenvolvimento e regiões mais afastadas dos grandes centros, a falta de equipamentos e profissionais treinados são barreiras à realização de testes diagnósticos.”

Inicialmente, as pesquisas de Morbioli estão sendo disponibilizadas no meio acadêmico para serem aperfeiçoadas.

Por QSocial