Blog descreve imagens das redes sociais para quem não vê

Foi num curso de locução que a atriz Marisa Pretti teve o primeiro incômodo com a falta de acessibilidade para pessoas com deficiência visual. Anos depois, lá estava ela fazendo cursos e mais cursos de audiodescrição (tradução de imagens em palavras).

Com a roteirista Márcia Oshiro, criou  o As Meninas dos Olhos para promover a acessibilidade a pessoas com deficiência visual e baixa visão, deficiência intelectual, idosos, disléxicos e quem mais necessite dessa ferramenta.

E há exatamente um ano as duas fazem voluntariamente, no Íris Cor de Mel, um trabalho de descrição de imagens nas redes sociais e no blog, atendendo solicitações dos leitores.

O objetivo é conscientizar sobre a importância da acessibilidade de todo o conteúdo da internet, já que os leitores de tela leem o texto, mas não as imagens. “Temos necessidade de mostrar ao mundo que as pessoas precisam ver.”

Por isso elas descrevem tudo o que é pedido: convites, fotos, obras de arte, tirinhas. E, principalmente, os próprios internautas. “Me diz como eu sou” é um dos pedidos mais frequentes, conta Marisa.

Ela se lembra da primeira descrição que fez, quando disse que o cabelo de uma garota era castanho. “Mas o que é castanho?”, perguntou. E Marisa completou. “O seu lembra a cor do chocolate”. “Ah, então o meu cabelo é gostoso pra caramba!”, conclui, feliz.

“Quem já nasceu cego monta seu próprio acervo, associando cores a emoções, sentimentos, cheiros, sons. Por isso sempre devemos descrever as cores, até porque algumas pessoas cegas já enxergaram em algum momento da vida.”

Agora, a dupla está lançando uma campanha de acessibilidade dos posts no Facebook: “Vamos compartilhar somente imagens com descrição. Postou foto? O que você vê? Simples assim: descreva pra quem não vê”.

E descrever uma imagem é fácil? “Não, é muito difícil”, diz Marisa. “Mas o que vale é a intenção. Se você posta a imagem de você passeando com seu cachorro na praia, escreva isso, já é um começo”, pondera.

Mas a meta das duas, embora distante, é bem mais ambiciosa: “Todo conteúdo de imagem deveria ter, obrigatoriamente, uma descrição para quem não enxerga. Isso é respeito, isso é inserção”.

Por QSocial